Tecnologia

TikTok sob pressão: quem é o dono e por que a rede desperta desconfiança de políticos nos EUA

Proposta de banir a rede social do país avança sob o temor de espionagem de dados pela China. Empresa diz que intenção de parlamentares é beneficiar a concorrência.

TikTok está na mira dos políticos dos Estados Unidos, onde avança um projeto de lei que pode banir a rede social no país.

Há alguns anos o aplicativo que tem ao menos 1 bilhão de usuários no mundo, sendo 170 milhões nos EUA, se vê sob pressão no mercado americano.

O cerco apertou na última quarta-feira (13), quando foi aprovada na Câmara a proposta que exige que a chinesa ByteDance, dona do TikTok, consiga um novo proprietário para o aplicativo nos EUA ou deixe de atuar no país. O texto seguiu para análise no Senado.

O que dizem os EUA – O projeto de lei se baseia no temor de que dados de usuários do TikTok nos EUA possam ser espionados pelo governo da China, uma desconfiança lançada ainda durante o governo de Donald Trump e que acabou se espalhando por outros países.

A suposta parcialidade do TikTok no conteúdo exibido também é questionada por alguns políticos.

O atual presidente, Joe Biden, já afirmou ser a favor do projeto de lei. Na última semana, no entanto, ele passou a ter um perfil verificado no TikTok de sua campanha à reeleição.

O que dizem a China e a ByteDance – O governo chinês se queixa de que os EUA nunca forneceram evidências de que o TikTok ameace a segurança nacional.

A ByteDance diz que não armazena dados de usuários na China e entende que o projeto de lei, na verdade, visa beneficiar suas concorrentes.

Executivos do Facebook/Instagram e do Google, dono do YouTube, já expressaram preocupação com o crescimento meteórico do TikTok nos últimos anos.

Enquanto as principais “big techs” americanas têm seus passos acompanhados de perto por investidores, já que possuem ações na bolsa de valores, existem poucas informações oficiais sobre o faturamento e outros números do aplicativo de vídeos chinês.

Quanto vale o TikTok?

A ByteDance não tem ações na bolsa de valores e, portanto, não é obrigada a publicar balanços financeiros. Mas fontes disseram ao jornal “Financial Times”, na última sexta-feira (15), que a rede social faturou US$ 120 bilhões (R$ 600 bilhões) em 2023, sendo US$ 16 bilhões (R$ 80 bilhões) apenas nos EUA.

O jornal afirma que o dinheiro vem principalmente de plataformas populares na China, como o Douyin, versão do TikTok voltada para o mercado asiático.

Como comparação, a Meta, dona de Instagram, Facebook e WhatsApp, teve US$ 135 bilhões (R$ 674 bilhões) de faturamento no ano.

Ainda segundo o “Financial Times”, o TikTok ainda não registrou lucro por conta dos investimentos em sua expansão global, mas o grupo que controla a plataforma teria tido um ganho de US$ 28 bilhões (R$ 140 bilhões) em 2023.

Quem são os donos do TikTok?

O TikTok é controlado pela ByteDance, empresa chinesa fundada por um grupo liderado por Zhang Yiming, presidente do conselho da companhia até 2021, e Liang Rubo, que ocupa o cargo atualmente.

A ByteDance, por sua vez, afirma que é repartida entre três grupos de proprietários: investidores (60%), fundadores (20%) e funcionários (20%). A empresa diz que “não pertence nem é controlada por nenhuma entidade governamental ou estatal”.

O TikTok é comandado desde 2021 por Shou Zi Chew, um ex-banqueiro de 41 anos que, antes de assumir a rede social, também trabalhou como diretor financeiro da fabricante de celulares Xiaomi.

O executivo nasceu em Singapura e, devido à desconfiança sobre uma ligação da rede social com a China, foi questionado algumas vezes sobre a sua nacionalidade em depoimento ao Congresso dos EUA, em fevereiro último.

Qual a desconfiança sobre o TikTok?

As acusações contra o TikTok ganharam força durante o governo do ex-presidente dos EUA Donald Trump, que apontava que a China poderia se aproveitar do poder da empresa para conseguir informações sobre usuários americanos.

Em 2020, Trump ordenou o banimento do TikTok e do WeChat, uma espécie de “WhatsApp chinês”, a menos que eles conseguissem novos donos para operarem nos EUA.

A medida acabou derrubada na Justiça horas antes do prazo definido para o bloqueio do serviço no país.

No mesmo ano, a campanha do então candidato à presidência Joe Biden chegou a pedir que seus funcionários deletassem o aplicativo, por segurança.

Em 2021, ao assumir a Casa Branca, Biden ordenou uma investigação sobre os supostos riscos de apps ligados a governos de adversários estrangeiros.

No ano passado, o Ministério das Relações Exteriores da China se queixou de que os EUA ainda não tinham fornecido evidências de que o TikTok ameaçava a segurança nacional.

Rival de Biden nas eleições deste ano, Trump agora diz que ainda considera a plataforma uma ameaça, mas que os “jovens podem ir à loucura” com o banimento.

Algoritmo em xeque – Assim como aconteceu com o Twitter (agora X), criticado por permitir a livre circulação de posts que incentivavam a violenta invasão do Capitólio dos EUA, em janeiro de 2021, o “feed” do TikTok também é alvo de questionamentos.

Em 2019, o jornal britânico “The Guardian” apontou que a empresa orientava funcionários a barrarem a circulação de vídeos que desagradassem o governo chinês.

Em novembro de 2023, a suspeita se virou ao conteúdo relacionado à guerra entre Israel e o Hamas: vídeos com hashtags pró-Palestina tinham muito mais visualizações que vídeos pró-Israel.

O TikTok negou priorizar qualquer lado no conflito, mas isso não impediu políticos americanos de apontarem que o serviço é usado para promover interesses chineses.

Depois da repercussão, a rede social deixou de exibir um contador de visualizações de hashtags. Um porta-voz disse ao “Washington Post” que a decisão foi tomada para a plataforma ficar em linha com padrões de outras redes.

O TikTok diz que não armazena dados de usuários na China. Segundo a plataforma, as informações ficam em servidores nos Estados Unidos, em Singapura e na Malásia.

A rede social afirma ainda que o conteúdo é protegidas por “fortes controles de segurança físicos e lógicos, incluindo pontos de entrada fechados, firewalls e tecnologias de detecção de intrusões”.

Em 2022, após questionamentos do governo Trump, o TikTok passou a armazenar dados de usuários nos EUA junto à empresa americana Oracle. A empresa criou uma subsidiária chamada U.S. Data Security (USDS) para evitar sua venda para uma companhia dos EUA.

O TikTok diz ainda que os dados só podem ser acessados por um grupo restrito de funcionários, que ficam sujeitos a controles de segurança quando precisam visualizar esse tipo de informação.

Onde o TikTok foi banido/restrito?

A decisão mais próxima de um banimento geral do TikTok foi tomada pelo estado americano de Montana, que anunciou uma regra para proibir o aplicativo que valeria a partir deste ano.

Mas a rede social conseguiu derrubar a medida em uma decisão provisória da Justiça.

Ainda sob alegação de risco à segurança nacional, Estados Unidos, Canadá, Reino UnidoFrança, Bélgica, Nova Zelândia e Índia, além da União Europeia, chegaram a vetar o TikTok em celulares oficiais, usados por funcionários de governo.

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