Ingrediente clássico nas cozinhas ao redor do mundo, a manteiga é mais do que apenas um delicioso complemento dos pratos. Ela pode oferecer uma série de benefícios para saúde se consumida sem exageros.
A seguir, entenda melhor como esse alimento pode ser seu aliado.
Benefícios da manteiga
- Faz bem para os olhos. Apesar de grande parte da composição da manteiga ser de gordura, ela também oferece alguns nutrientes, como vitamina A, importante para a saúde dos olhos e da pele. Para se ter ideia, uma colher (sopa) de manteiga fornece cerca de 10% do valor diário recomendado desse nutriente.
- Cuida da saúde da tireoide. A vitamina A também é indispensável para o funcionamento da glândula tireoide e os hormônios produzidos por ela (T3 e T4), que regulam o metabolismo, o crescimento e o desenvolvimento do corpo, e influenciam em várias funções corporais, desde a taxa metabólica basal até o funcionamento dos órgãos.
- Contribui para uma melhor imunidade. Além da vitamina A, que ajuda a reforçar o sistema imune, a manteiga também fornece boas quantidades de ácido linoleico conjugado (CLA, do inglês conjugated linoleic acid). Trata-se de um tipo de ácido graxo poli-insaturado com ação anti-inflamatória, encontrado naturalmente em carnes e laticínios provenientes de animais alimentados com pasto. A vitamina A desempenha um papel na regulação do sistema imunológico e o CLA pode ter efeitos positivos sobre uma série de condições, incluindo inflamações crônicas, como a artrite. Ele atua reduzindo a produção de substâncias inflamatórias no corpo e modulando a resposta imunológica. Marcella Garcez, médica nutróloga…
- Reforça a proteção do intestino. O ácido butírico, assim como os glicoesfingolipídeos (GSL) presentes na manteiga, ainda contribuem para a saúde intestinal. O ácido serve como fonte primária de energia para as células do cólon e desempenha um papel na manutenção da integridade da parede intestinal e na prevenção de inflamação. Já os GSL contribuem para a formação de uma camada protetora de muco ao longo do trato intestinal, fortalecendo a barreira contra patógenos (bactérias, fungos, protozoários e vírus).
- Atua na saúde cardiovascular. Apesar de a manteiga conter alto teor de gordura saturada, também fornece o colesterol HDL, o “bom”, que ajuda a remover o LDL, ou “colesterol ruim”, do sangue. Algumas manteigas, especialmente as provenientes de vacas alimentadas com capim, ainda são ricas em ácidos graxos ômega 3, benéficos para a saúde do coração devido às suas propriedades anti-inflamatórias. O alimento também é uma fonte de vitaminas A e D, importantes para a saúde cardiovascular, e vitamina K2, que impede a calcificação arterial. “No entanto, é crucial equilibrar o consumo de manteiga com outras gorduras saudáveis e manter uma dieta equilibrada para a saúde do coração”, reforça Garcez.
- Ajuda a manter os ossos fortes. Esse é outro benefício da vitamina K2, que atua na regulação do cálcio no corpo e na incorporação do mineral nos ossos, fortalecendo-os.
- Fornece antioxidantes. A manteiga tem minerais como cobre, zinco e manganês, que são antioxidantes importantes para a saúde geral. Eles atuam na proteção das células contra os danos causados pelos radicais livres, que contribuem para o desenvolvimento de diversas doenças crônicas, como as cardíacas e o câncer.
- Benefícios em estudo. Melhora a função metabólica: apesar de parecer um contrassenso por ser uma fonte de gordura, estudos indicam que a manteiga pode apoiar uma dieta de emagrecimento desde que seja consumida em quantidades moderadas. Isso também seria graças à ação do CLA, que atuaria melhorando a taxa metabólica, consequentemente aumentando a queima de gordura e reduzindo o apetite. No entanto, são necessárias mais pesquisas para validar a eficácia desse componente, uma vez que os estudos são realizados com altas doses de CLA puro. Tem ação anticâncer: pesquisas, como a que foi publicada no periódico Carcinogenesis, fornecem evidências preliminares sugerindo que o CLA e do ácido butírico na prevenção e tratamento do câncer.
- Como consumir. Incorporar manteiga em uma dieta saudável requer atenção à quantidade e frequência do seu consumo, devido ao seu alto teor de gordura saturada. A American Heart Association sugere limitar a ingestão de gordura saturada a não mais de 13 gramas por dia em uma dieta de 2.000 calorias. Para se ter ideia, uma colher (sobremesa) rasa de manteiga contém, em média, 6,4 g de gordura saturada — quantidade que representa cerca de 50% da ingestão diária recomendada de gordura saturada. Se você faz questão da manteiga, limite seu consumo a uma refeição, como no pão do café da manhã, ou use-a como um complemento para realçar o sabor, e não como um componente principal do prato.
- Na hora da compra, verifique no rótulo quais são os ingredientes usados no produto. Algumas trazem aditivos, como corantes e realçadores de sabor. Dê preferência às manteigas que tenham apenas creme de leite, sal e, possivelmente, fermento lácteo.
- Caso o nutricionista ou o médico nutrólogo restrinja o consumo de manteiga, aposte em alternativas mais saudáveis, como azeite, óleo de abacate ou ainda manteigas à base de castanhas, que podem ser usadas para adicionar sabor aos pratos sem aumentar a ingestão de gordura saturada. Marcella Garcez, médica nutróloga
- Riscos e contraindicações. Embora a manteiga possa ser consumida como parte de uma dieta equilibrada, é fundamental moderar a quantidade, levando em consideração a ingestão total de gorduras saturadas e calorias diárias. Os riscos associados ao consumo excessivo de manteiga são principalmente devido ao seu alto teor de gordura saturada, que pode levar a um aumento dos níveis de “colesterol ruim” (LDL), contribuindo para doenças cardíacas, acúmulo de gordura visceral, obesidade e até um aumento no risco de Alzheimer e demência, como mostra o artigo publicado pela American Heart Association.
- Portanto, uma pessoa com níveis de colesterol e triglicérides elevados ou mesmo com sobrepeso, deve preferir alternativas mais saudáveis, como o azeite.
- Nos últimos anos, as formulações das margarinas têm sido alteradas para reduzir ou eliminar as gorduras, visando torná-las mais saudáveis. “Desse modo, elas podem ser consideradas uma alternativa à manteiga, desde que a escolha da margarina seja feita com base na sua composição nutricional e finalidade de uso, e que seja parte de uma dieta equilibrada e variada”, comenta Garcez.
- Algumas pessoas com intolerância à lactose conseguem consumir manteiga, mas é algo muito pessoal e que deverá ser definido após a pessoa fazer testes com o alimento. Mas já existem manteigas na versão zero lactose. Elas recebem a enzima lactase no processo de fabricação para reduzir o teor do açúcar que causa os desconfortos (estufamento e diarreia, por exemplo).
- Há também a versão clarificada conhecida como manteiga ghee, que passa por um processo de aquecimento para separar os componentes líquidos e sólidos, resultando em um produto quase inteiramente composto por gordura pura, uma vez que são retiradas as proteínas e a lactose. Por isso, pode ser bem tolerada por alguns pacientes com a condição.
- Já pacientes que sofrem com alergia ao leite não devem consumir a manteiga. “Apesar de ter um teor muito baixo de proteínas do leite em comparação com outros laticínios, a manteiga ainda pode conter seus traços, podendo desencadear uma resposta exagerada do organismo, que é o quadro alérgico”, alerta a nutróloga.