MEDICINA MUNDO

Primeiro paciente de transplante de rim de porco tem alta de hospital nos EUA.

Médico brasileiro que comandou a cirurgia mundialmente inédita comemorou: “Esperamos que este seja um primeiro passo que traga esperança”

O paciente do primeiro transplante de um rim geneticamente modificado de um porco para um ser humano recebeu alta hospitalar, nos Estados Unidos, na quarta-feira (3).

“Estamos felizes em compartilhar que hoje, Rick Slayman, nosso primeiro paciente a receber um transplante de rim de porco geneticamente modificado, recebeu alta do hospital. Ele está se recuperando bem e continuará se recuperando em casa com sua família”, informou pelas redes sociais o Massachusetts General Hospital (MGH).

O transplante mundialmente inédito foi liderado pelo médico brasileiro Leonardo Riella, que comemorou a alta pelas redes sociais.

“Esperamos que este seja um primeiro passo que traga esperança a muitos pacientes que aguardam um transplante renal”, escreveu no X (antigo Twitter).

Slayman ainda não falou em público sobre a cirurgia que passou, mas em comunicado compartilhado pelo hospital ele agradeceu aos médicos.

“Esse momento de deixar o hospital hoje com um dos atestados mais saudáveis que já tive em muito tempo é algo que desejei por muitos anos. Agora é uma realidade e um dos momentos mais felizes da minha vida”, disse o paciente.

“Por fim, quero agradecer a todos que viram minha história e enviaram votos de boa sorte, principalmente aos pacientes que aguardam um transplante de rim. Hoje marca um novo começo não só para mim, mas para eles também. Minha recuperação está progredindo sem problemas e peço privacidade neste momento”, concluiu.

Rick Slayman, um homem de 62 anos, de Weymouth, Massachusetts, foi diagnosticado com uma doença renal em estágio terminal.

Em uma declaração escrita do paciente fornecida pelo hospital, Slayman disse que era paciente do programa de transplantes do hospital há 11 anos. Este não foi o primeiro transplante de rim de Slayman.

Ele recebeu um rim anterior de um ser humano em 2018, depois de conviver com diabetes e pressão alta por muitos anos. Esse rim começou a apresentar sinais de insuficiência cinco anos depois e ele retomou a diálise em 2023.

Quando ele foi diagnosticado com doença renal terminal no ano passado, ele disse que seus médicos sugeriram que ele experimentasse o rim de porco.

“Eu vi isso não apenas como uma forma de me ajudar, mas também como uma forma de dar esperança às milhares de pessoas que precisam de um transplante para sobreviver”, disse Slayman no comunicado por escrito.

“Marco histórico”, diz médico brasileiro que comandou transplante.

O primeiro transplante de rim de porco geneticamente modificado para um humano vivo, realizado no dia 16 de março, foi um “marco histórico” para a Medicina, afirmou o doutor brasileiro Leonardo Riella, quem comandou a operação.

Riella destacou que essa cirurgia “não aconteceu do dia para a noite”, mas é resultado de décadas de pesquisa para tornar o órgão do animal compatível aos humanos.

“Em 1960, houve a tentativa de fazer esse transplante [de rim de porco para um humano], mas houve rejeição aguda e imediata. Foi através da biologia e da ciência que começamos a compreender quais eram essas incompatibilidades”, destacou.

Segundo disse o doutor durante a entrevista, os genes do porco foram editados mais de 69 vezes para maior compatibilidade e diminuir o risco de infecções.

Assim, ressaltou que o potencial do xenotransplante — o de um órgão de um animal para um humano” — é “incrível”.

Outro ponto destacado durante a entrevista foi o processo para que o paciente fosse comunicado e aceitasse ser submetido à operação. Foi o doutor Riella quem contou sobre o transplante com um rim de porco.

“Ele [paciente] leva toda a credibilidade por ter a coragem de aceitar um procedimento em que existiam muitas incertezas. Apesar de estarmos muito confiantes de que poderíamos fazer isso de uma forma segura, não poderíamos garantir o sucesso disso”, explicou.

Assim, houve várias discussões até que o homem de 62 anos aceitasse a operação, tendo discutido com médicos que cuidaram dele anteriormente e familiares, por exemplo.

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