O médico intensivista norte-americano Joe Whittington viralizou nas redes sociais após postar um vídeo em que mostra um teste que supostamente indicaria risco de aneurisma.
O que aconteceu
Teste propõe identificar risco de aneurisma da aorta ascendente com movimento do polegar. A pessoa deve esticar o braço como no gesto de “pare” e, em seguida, tentar cruzar o polegar sobre a palma da mão.
Para realizar o teste, basta:
Abrir a muito bem a mão e em seguida levar o máximo que conseguir o polegar em direção ao dedo mínimo;
Resultado normal;
Indicador de risco.
Resultado positivo seria o polegar ultrapassar a lateral da mão. O vídeo sugere que esse movimento indicaria risco aumentado de aneurisma da aorta ascendente.
Ideia por trás do teste está relacionada à elasticidade dos tecidos. Segundo a teoria, pessoas com tecidos conjuntivos mais elásticos teriam maior predisposição a dilatações arteriais…
Falta comprovação científica
Teste não é confiável para identificar aneurisma. Segundo o médico cardiologista Edmo Atique Gabriel, o teste não é suficiente nem conclusivo para determinar o risco de crescimento ou rompimento de um aneurisma. “Falta comprovação científica.”
Maleabilidade da mão interfere no resultado. A elasticidade varia de pessoa para pessoa. Fatores como hipermobilidade, tamanho dos dedos e flexibilidade natural tornam o teste inconsistente.
Descoberta do aneurisma exige exames de imagem e avaliação clínica. De acordo com o médico, exames como tomografia, ressonância magnética ou ecocardiograma podem confirmar a presença da doença e acompanhar sua evolução. No exame físico, médicos podem perceber sinais como diferença de pressão arterial entre os braços, sopros na ausculta cardíaca e dor torácica irradiada para as costas, além de alterações em radiografias do tórax.
É muito temeroso fazer qualquer menção a um teste desse atribuindo a ele um valor científico de muita magnitude. Isso pode gerar insegurança e até pânico desnecessário.
Edmo Atique Gabriel, médico cardiologista
O que é o aneurisma da aorta ascendente
Dilatação anormal da aorta. Essa é a maior e mais importante artéria do corpo, que leva o sangue do coração para os principais órgãos. Quando localizada próxima ao coração, essa dilatação pode enfraquecer progressivamente a parede arterial, aumentando o risco de rompimento, que pode ser fatal se não identificado a tempo. “É por isso que não se pode atribuir responsabilidade diagnóstica a um teste tão simples”, diz o médico cardiologista.
Acomete principalmente homens acima dos 50 anos. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, há cerca de seis casos para cada 100 mil habitantes no Brasil, e o risco aumenta com a idade…
Há três grupos de risco principais. São eles: pessoas com doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, obesidade e tabagismo; indivíduos com síndromes genéticas, que causam alterações no tecido da aorta, como Marfan ou Ehlers-Danlos; pessoas expostas a traumas intensos ou repetitivos, como atletas de artes marciais, fisiculturistas e vítimas de acidentes automobilísticos ou agressões.
Como tratar aneurismas aórticos
Cirurgia complexa e de risco médio a alto. Uma vez dilatada, a artéria não volta ao seu tamanho normal, por isso exige um procedimento em que o pedaço doente é substituído por uma prótese…
Para os casos menos extremos, manter um estilo de vida rigoroso. Isso inclui visita mensal ao cardiologista, cuidados com alimentação, administração do estresse e uso de medicamentos para reduzir a tensão na artéria. Os exercícios físicos devem ser feitos com muita cautela. Ainda assim, essas são medidas preventivas ou paliativas. “O processo é evolutivo e vai chegar o momento da cirurgia”, avalia Edmo.
Prevenção exige ação
É importante observar se há casos na família de aneurisma de aorta. Existem testes genéticos que identificam síndromes familiares ou genéticas. A pessoa também deve fazer consultas médicas a cada seis meses…
Atuar sobre possíveis fatores de risco. Para isso, as formas de evitar a formação de um aneurisma são: controle do peso; controle de fatores de risco como pressão alta e diabetes; alimentação balanceada e exercício físico regular; e gerenciamento do estresse…