As cinco farinhas são ótimas fontes de fibra, o problema está na quantidade e junção de todos os alimentos;
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Já ouviu falar na “farinha da felicidade”? A mistura de cinco tipos de farinha que promete emagrecer, regular o intestino, controlar a glicemia, acelerar o metabolismo e ainda ajudar no equilíbrio hormonal feminino tem ganhado as redes sociais.
Na receita estão: farinha de ora-pro-nóbis, farinha de fibra de maçã, farinha de psyllium, farinha de beterraba e farinha de maca peruana. Mas será que ela realmente funciona? A nutricionista e colunista do GLOBO, Priscilla Primi, revela que as cinco separadas são ótimas fontes de fibras e ajudam a regular o intestino, porém, o problema está em sua dosagem, quantidade e na junção de todas.
— Essa receita tem tanto fibras solúveis quanto insolúveis. As solúveis formam um gel quando entram em contato com a água, e isso faz com que a nossa digestão e a absorção de nutrientes fiquem mais lentas, o que nos deixa saciados por mais tempo. Consequentemente, comemos menos, mas isso não quer dizer que diminui o apetite — explica Primi.
Essas fibras também servem de substrato quando chegam ao nosso intestino, servindo de alimento para as bactérias boas do organismo, e produzem uma substância chamada de ácido graxo de cadeia curta, o que ajuda na integridade da barreira intestinal, além de manter a microbiota saudável. Já as fibras insolúveis, aquelas que não se dissolvem em água, também ajudam a formar o bolo fecal, ajudando o trânsito intestinal.
— A farinha, se formos pensar em quantidades de nutrientes, é constituída de fibra alimentar. Porém, segundo os vídeos na internet, essa farinha da felicidade é recomendada em pouca quantidade (uma colher de chá em 300 mililitros de água — tomar 30 min antes do almoço — e depois tomar por volta das 17h), ou seja, não será possível alcançar os resultados prometidos. Essa quantidade não é capaz de preencher e nem dar essa sensação de saciedade — diz Primi.
A especialista ainda afirma que a pessoa que fizer uso dessa receita precisa tomar bastante água e se manter hidratada ao longo do dia, pois, caso contrário, o efeito pode ser inverso e ela ficar com constipação intestinal.
— Ao invés de tomar a bebida com farinha, é melhor comer a própria beterraba ou a fibra de maçã. Sei que tem pessoas que não gostam de ora-pro-nóbis, mas, neste caso da farinha, além da quantidade ser muito pequena, não tem como prometer que vai desinchar o que vai conseguir regular o metabolismo — explica.
Destrinchando os ingredientes
Segundo Primi, a ora-pro-nóbis é uma planta alimentícia não convencional que tem um elevado teor proteico. Conhecida também por ter grande quantidade de minerais.
— Em forma de farinha, você consegue concentrar melhor a proteína e outros nutrientes dessa planta. Ela chega a ter quase 15% dela em proteínas, o que, para um vegetal, é uma quantidade bem interessante — diz a nutricionista.
Porém, como qualquer proteína de origem vegetal, ela tem baixo valor biológico, ou seja, não tem todos os aminoácidos necessários para o nosso organismo. É necessário ser complementado e suplementado com outros alimentos para que essa proteína seja mais bem aproveitada.
A farinha de fibra de maçã também é muito rica em fibras, principalmente as solúveis, porém, como a própria fruta tem muito açúcar, é uma farinha extremamente doce, o que acaba concentrando uma grande parte de açúcar.
— O psyllium é uma fibra derivada de uma planta e tem a mesma capacidade de formar um gel bastante viscoso, o que dá essa sensação de plenitude gástrica. Existem diversos estudos que mostram o efeito dessa fibra no controle do colesterol ruim (LDL), da gordura e marcadores lipídicos, o que faz dela primordial na redução do risco de doença cardiovascular — explica Primi.
Já a farinha de beterraba também é rica em fibras, tem uma boa quantidade de carboidratos, além de minerais importantes. Ela é rica em ácido fólico, tem ação antioxidante e vitamina C.
Por último, a maca peruana, fonte de carboidrato, proteína e fibra, além de vários minerais e aminoácidos essenciais. Tem se tornado queridinha de muitos nutricionistas e pesquisadores. Há estudos sobre a influência positiva dela nos hormônios sexuais femininos e masculinos.
— Enquanto nos homens há uma associação entre a diminuição da disfunção erétil, visto que a maca peruana aumenta o óxido nítrico, que vai ajudar a relaxar esses músculos e melhorar o fluxo sanguíneo; nas mulheres se estuda a melhora nos sintomas da menopausa, principalmente as ondas de calor que as mulheres sentem durante o período — diz a nutricionista.
A especialista ressalta, porém, que ainda não há nenhuma comprovação científica, apesar de ter alguns estudos na área.
A maca peruana é rica ainda em antioxidantes, substâncias anti-inflamatórias, flavonoides e, alguns estudos, sugerem que pode ajudar a reduzir a ansiedade e a depressão.