INOVAÇÃO OCULAR

Canadenses recuperam visão após cirurgia ‘dente-no-olho’; entenda a técnica…

Três pacientes completamente cegos passaram por implantes dentários nos seus olhos e recuperaram sua visão parcialmente, anunciou o Mount Saint Joseph Hospital, na cidade canadense de Vancouver.

O que aconteceu
Pacientes passaram por osteo-odonto-queratoprótese, um procedimento raro até hoje, embora inventado em 1960. A técnica de inserção de um dente no olho foi criada pelo oftalmologista italiano Benedetto Strampelli e aperfeiçoada nos anos 2000 por um grupo de cirurgiões italianos e austríacos. Seu protocolo padrão foi publicado na revista Cornea, em 2005.

Na primeira etapa, um canino superior é removido da boca e uma lente artificial inserida em seu centro. Ele então é reimplantado na superfície da bochecha…

Os médicos então aguardam três meses, para que tecido cresça ao redor do dente. Esta “proteção” permitirá que ele seja suturado (costurado) posteriormente ao globo ocular. Sem esta pele, não teria como prender o esmalte duro de um dente ao olho.

Dente então é retirado da bochecha e levado ao olho. A cirurgia de uma das pacientes, Gail Lane, durou cinco horas.

A cirurgia do “dente-no-olho”, como é apelidada, não é a estratégia mais comum dos médicos. Procedimento é adotado quando pacientes não respondem ao transplante de córnea devido aos seus quadros de saúde.

Quem são os pacientes que fizeram a cirurgia…

Os médicos de Vancouver operaram Gail Lane, 75, Brent Chapman, 34, e um terceiro paciente que preferiu não ter seu nome divulgado. Gail havia perdido sua visão aos 64 anos e Brent durante a adolescência…

Cada paciente recuperou mais ou menos da visão no olho operado, mas em ritmos diferentes. O paciente anônimo voltou a enxergar com o olho operado no dia seguinte à cirurgia e passou a ler até documentos…

Brent havia recobrado quase 67% da visão naquele olho uma semana depois da cirurgia, usando óculos. No entanto, com a cicatrização, seu dente se desalinhou dentro do olho e os sinais visuais não estão chegando ao nervo ótico e à retina adequadamente. Por isso, ele deve passar por uma nova cirurgia corretiva, anunciou o cirurgião Greg Moloney. Os médicos esperam que o procedimento secundário resolva a questão.

Já Gail não começou a enxergar imediatamente, embora hoje tenha 40% da visão em seu olho com óculos. Ela passou pela cirurgia final em maio, mas só começou a distinguir mais claramente pessoas e objetos na metade de julho.

A redescoberta da visão…

Depois de dois meses enxergando apenas uma luz, Gail se surpreendeu e emocionou ao ver o marido novamente. Mas, primeiro, ela foi capaz de distinguir o cão-guia dele, já que Phil também é cego…

Eu pude ver Piper abanando o rabo e então, gradualmente, o resto de seu corpo inteiro se tornou claro. Foi maravilhoso. E eu comecei a ver o Phil também. Foi uma longa, longa estrada e eu não conseguiria ter chegado até aqui sem o time de médicos e toda a minha família e muitos bons amigos. Foi um caminho árduo às vezes. É um procedimento raro e especial, mas é uma coisa maravilhosa. É como um milagre para mim.
Gail em comunicado do hospital divulgado à imprensa

Agora, ela está redescobrindo não só como é enxergar, mas os planos que pode fazer. Gail havia perdido a visão há mais de uma década após uma medicação para convulsões causar uma doença autoimune, a síndrome de Stevens-Johnson. A condição danificou severamente suas córneas.

“Posso comer em um restaurante sem passar vergonha”, comemorou. Anteriormente, se tentasse almoçar sem companhia, ela colocava o garfo na salada e frequentemente descobria que não tinha nada nele. “A salada é tão leve que eu não conseguia sentir no garfo”…

Ela está ansiosa para voltar a disputar jogos de tabuleiro com os amigos ou ler livros sem ouvir versões em áudio. “Estou tentando viver o presente, mas não vejo a hora de ser mais independente, como poder andar algumas quadras até o mercado para buscar algo sem depender de alguém me ajudando”, contou.

Seu cirurgião deve continuar monitorando a visão de Gail, Brent e o outro paciente. “Nosso primeiro grande objetivo era finalizar as cirurgias sem complicações e ter o fundo de olho dos pacientes saudáveis o suficiente para que eles voltassem a enxergar novamente. Conseguimos isso. O próximo objetivo é garantir que as próteses —os dentes— se mantenham viáveis em longo prazo”, concluiu.

Greg Moloney já tinha realizado oito cirurgias semelhantes na Austrália, sua terra natal. Ele foi recrutado pelo hospital canadense há quatro anos especialmente para esta missão…

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