Média foi de quase 2,5 mil telefones roubados ou furtados todos os dias no país no ano passado. Aumento na busca também acontece na esteira do preço alto dos aparelhos.
Depois dos serviços de streaming de música ou de aplicativos de celulares, um novo tipo de assinatura de serviço tem ganhado mercado no Brasil. Cada vez mais brasileiros tem desistido de comprar um smartphone novo e optado por assinar planos que dão acesso a um aparelho de ponta, além de outros serviços adicionais.
Somente duas das principais empresas que oferecem esse tipo de serviço no país acumulam quase 30 mil contratações no primeiro semestre deste ano. A alta chega a 158%, segundo a empresa Allu, em relação ao primeiro semestre do ano passado.
Um iPhone 16 Pro Max, que pode ser comprado pela internet em 12 parcelas de 830 reais, pode ser assinado pelo mesmo período por cerca de 630 reais por mês. Alguns outros modelos, como o Samsung Galaxy S25, têm mensalidade de 419 reais mensais, o que equivale a R$ 3 a mais por mês do que o valor do parcelamento pra compra do aparelho.
A empresa Leapfone, que acumula alta de 95% nas assinaturas no primeiro semestre, chega a ter até fila de espera para algumas contratações. A head da empresa, Stephanie Peart explica o perfil de quem tem buscado esse tipo de serviço.
“Um que é a pessoa que realmente não tem limite de crédito, não tem um limite no cartão. Faz muito sentido para quem troca celular todo ano, porque você vai ter uma perda aí de qualquer forma, e revender você, revendendo como pessoa física, você acaba perdendo muito, você não consegue recuperar quase nada nos valores do aparelho. E vale muito a pena para quem faz seguro, porque se você colocar o seguro na conta, o preço realmente faz muito sentido de assinatura.”
Essa alta na procura por um “celular de aluguel” acontece num momento em que o país bateu a marca de 910 mil aparelhos roubados ou furtados no Brasil em 2024, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A queda é de 13% na comparação com 2023, mas a média ainda é alta: foram quase dois mil e quinhentos celulares levados pelos bandidos por dia em todo o país.
As quatro cidades com as maiores taxas são capitais: São Luís, Belém, São Paulo e Salvador. Somente nos meses de janeiro e fevereiro, São Paulo teve uma média de um smartphone furtado a cada três minutos.
Neste ano, mais de trezentas pessoas que tem assinatura da Allu acionaram o seguro que faz parte do contrato por causa de um episódio de roubo ou furto.
A vice-presidente Comercial, Marketing e de experiência do consumidor da empresa Pitzi, Tatiany Martins, aponta ainda outro motivo. Segundo ela, as empresas de assinatura tem ocupado um espaço no mercado criado pelo alto custo dos aparelhos lançados nos últimos anos.
“Então, para você ter uma ideia, se a gente fosse olhar uma base de cinco, seis anos atrás, vamos falar assim, antes pandemia, depois de pandemia, o tempo médio de aparelho dos clientes era de 13 meses. A cada 13 meses o cliente já trocava o aparelho, hoje está acima de 18 meses.”
Atualmente, apenas cerca de 10% dos celulares em uso no Brasil tem alguma apólice de seguro. O índice é de 50% nos Estados Unidos e Europa e chega a 90% no Japão.