AUTONOMIA

Autonomia de 2.000 km em carros elétricos está perto de se tornar realidade.

Um dos anúncios mais importantes da Stellantis em 2025 não teve a ver com um carro inédito, mas com avanços em sua tecnologia de bateria de estado sólido.

Também chamada de SSB, na sigla em inglês, esse tipo de bateria promete resolver quase todos os pontos fracos da tecnologia atual – especialmente o tempo de recarga e a capacidade de armazenamento de energia.

Não à toa, marcas do mundo inteiro disputam a corrida para massificar esse tipo de tecnologia, com a promessa de atingir 2.000 km de autonomia a cada recarga em um carro elétrico.

O anúncio da Stellantis veio da parceria com a empresa Factorial Energy, de Massachusetts (EUA). Juntas, as marcas conseguiram desenvolver um projeto de bateria de estado semissólido que é factível em termos de produção e custos – ou seja, traz menor custo de produção para ficar mais acessível ao consumidor final.

A ideia é que as novas células equipem o Dodge Charger Daytona, muscle car elétrico, a partir da linha 2027. Logo, as vendas começariam no ano que vem, mas em escala reduzida.

O importante é “trazer a tecnologia de baterias de última geração do laboratório para a realidade”, disse o CEO da Factorial, Siyu Huang, na ocasião do anúncio.

O que é uma bateria de estado sólido?


A grosso modo, um carro elétrico tem centenas de pilhas formando seus pacotes de bateria. Em cada pilha, há os polos negativo e positivo, pelos quais os elétrons transitam para gerar corrente elétrica.

Atualmente, o caminho dos elétrons é percorrido através de uma solução eletrolítica – uma “sopa” química altamente danosa ao ambiente. Nas baterias de estado sólido, essa solução é substituída por um gel cuja fórmula é o grande segredo de cada empresa.

O uso do gel resulta em mais energia com o mesmo peso de baterias, ou a mesma energia com 460 kg a menos no peso total, como se estima no caso do Charger Daytona 2027.

Isso porque, no caso do esportivo, as baterias serão de estado semissólido: um meio-termo entre líquido e gel. De acordo com a Stellantis, a nova bateria pode ser recarregada de 15% a 90% em cerca de 18 minutos.

China na liderança


O sigilo sobre as novas baterias é regra na indústria, e a maioria dos anúncios não entrega muitos detalhes técnicos.

Com base nessas declarações, entretanto, sabemos que, mais uma vez, é a China que parece estar à frente da corrida — ainda que por pequena margem.

A gigante SAIC, por exemplo, criou a submarca IM Motors, que estreou a tecnologia de baterias de estado semissólido no país. O resultado é o IM L6 EV, sedã elétrico cuja autonomia no ciclo CLTC é de 1.002 km, que resultariam em cerca de 700 km de alcance na medição do Inmetro.

Graças à densidade energética muito maior, o L6 armazena 123,7 kWh de energia elétrica para ser convertida em movimento. Como referência, o Mercedes-Benz EQS 450+ armazena 118 kWh e pesa quase meia tonelada a mais.

O CEO da Factorial – que também é parceira da Mercedes – ressalta que o maior desafio envolvendo a tecnologia de bateria de estado sólido é justamente a redução nos custos de produção, sem comprometimento da segurança e da confiabilidade.

“Embora a otimização de um recurso seja simples, equilibrar a alta densidade de energia, a vida útil do ciclo, o carregamento rápido e a segurança em uma bateria de tamanho automotivo é um avanço”, disse Huang.

2.000 km de alcance sem recarga?
Ninguém tem planos tão ambiciosos para as baterias de estado sólido quanto a Chery, porém: o grupo prevê lançar em 2026 os primeiros modelos com a SSB da casa. Promete-se cerca de 600 Wh/kg, que abririam possibilidade para carros elétricos que, no mundo real, rodassem cerca de 2.000 km sem parar.

Enquanto isso, concorrentes do mundo todo — BYD, BMW, Volkswagen, Chevrolet, entre outros — planejam atingir números entre 300 e 500 Wh/kg. Todas planejam introduzir a tecnologia nos próximos dois anos.

Segundo um estudo da revista Nature publicado no ano passado, a montagem de baterias de estado sólido ainda é “desafiadora e pouco reprodutível”.

A principal razão, apontou o grupo de 57 pesquisadores do mundo inteiro, é a dificuldade em criar um método de fabricação cujo resultado seja previsível e sem variações significativas.

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